Em março de 1992, depois de um ano e quatro meses de luta contra a leucemia, perdi meu irmão mais novo. O transplante de medula óssea, naquela época, só ocorria em caso de haver um doador compatível na família e nós, infelizmente, éramos incompatíveis.
Em dezembro daquele mesmo ano, foi criado o REDOME, que instituiu a doação voluntária entre pessoas sem nenhum grau de parentesco no Brasil. Assim que soube, não tive dúvidas: Cadastrei-me, mesmo sem muitas expectativas. Afinal, a chance de compatibilidade é de apenas um caso a cada 100 mil pessoas, sem nenhum parentesco. Três anos depois, para minha surpresa, recebi uma ligação do REDOME, dizendo que a minha medula era, provavelmente, compatível com a de algum paciente. Novos exames confirmaram a compatibilidade. Lembrei-me do meu irmão e agradeci pela chance de poder salvar uma vida.
O transplante – o primeiro com doador do REDOME – foi um sucesso! Até hoje me emociono ao me lembrar do que senti ao sair do hospital: Doar a vida, me deu uma sensação semelhante a de ser mãe, que é um amor incondicional. Não imaginava que, anos depois, a alegria se repetiria. Em 2000, fui convocada para uma nova doação a outro desconhecido. Foi o primeiro caso de dupla doação no Brasil! Novamente a doação foi bem sucedida.
Doem por amor e não pela dor!
Suely Walton
Primeira doadora do REDOME